Mestre Nuno de Oliveira

Nuno Waldemar Nunez Marques Cardoso Pery de Linde Abreu Oliveira, nasceu a 23 de Junho de 1925 e faleceu a 2 de Fevereiro de 1989 com sessenta e quatro anos.

Nuno de Oliveira começou a montar no picadeiro do seu parente Joaquim Miranda tinha cinco anos de idade, em 1940 morre Mestre Miranda e Nuno de Oliveira deixa de estudar e decide seguir a vida equestre começando a montar cavalos de antigos clientes do Mestre Miranda entre os quais os das filhas de Henry Chtlanaz.

Em 1950 Exibe-se no Coliseu dos Recreios, começa a trabalhar os cavalos de Manuel de Barros e a dar-lhe lições de equitação, na quinta dos Arcos em Azeitão.

Manuel de Barros compra uma biblioteca hípica e obriga Nuno de Oliveira a estudar a teoria daquilo que ele tão bem pratica para assim lhe poder explicar.

O Engº Rodrigo de Castro Pereira, convida-o para trabalhar no picadeiro da Lança da Legião Portuguesa de que era comandante, na Alameda das Linhas Torres em Lisboa e aí mexer não só os seus cavalos como também de outros clientes e também ensinar alguns alunos.

Foram os seus primeiros alunos, Júlio e Guilherme Borba, D. Diogo Bragança (Lafões), Pureza de S. Lourenço, Ana Maria Avilez e Maria José Lupi.

Em 1956 um grupo de amigos instalou-lhe um picadeiro na quinta do Chafariz na Póvoa de Stº Adrião.

Em 1973 compra a quinta do Brejo, em Avessada na Malveira onde instala o seu picadeiro por onde passam centos ou mesmo milhares de alunos de todas as partidas do mundo e onde ele passou a viver.

Perfil

Educado em ambiente culto e artístico apreciava o belo em todas as suas facetas, principalmente a arte lírica e a opera, sendo amigo de grandes artistas de nomeada.

Dotado de grande sensibilidade artística, sentia as mais ténues vibrações dos cavalos que trabalhava o que lhe permitia adaptar-se aos cavalos de forma assombrosa.

Percurso

No ínicio foi um seguidor fiel de Baucher e de Fillis, depressa cria a sua própria filosofia equestre e o seu método pessoal, cria uma verdadeira escola Oliveirista, sendo imensos os seus discípulos disseminados por todo o mundo.

Nuno de Oliveira é o grande arauto do cavalo lusitano e da cultura hípica Portuguesa, de dois em dois meses saía fronteiras para manter contacto com os seus alunos e ministrar os seus ensinamentos a quantos recorriam a ele para resolver problemas.

Percorreu o mundo começando pela Suíça pela mão de Auguste Baumeister seu mecenas graças ao cavalo Euclides.

Em 1958 exibiu-se em Genéve e Lucerne onde criou centros de ensino, tornou-se conhecido em França, tendo começado a receber alunos na Póvoa de Stº Adrião como (Bacharat e Michel Henriquet).

Em 1964 exibiu-se em Paris onde já tinha alguns alunos, em 1965 em Wembley na Inglaterra.

Na Bélgica criou um numeroso grupo de adeptos e alunos, em 1968 esteve em Itália mais propriamente em Milão, seguindo-se Madrid em Espanha, em 1969 esteve em Lima no Peru e Costa Rica.

Em 1972 nos Estados Unidos nomeadamente em Maryland e Massachusset, também nas Filipinas em Manila, em 1973 Espanha em Bilbau, começando a ter alunos da Ásia, África, América incluindo Canadá, Oceânia e Europa.

Em 1975 Saumur abre-lhe a porta e em 1976 o seu mérito é finalmente e oficialmente reconhecido em Mafra.

Em 1979 Canadá e Estados Unidos da América, em Nova Yorque e Miami e também na Costa Rica.

Em 1980 Austrália, Tailândia e Filipinas, foram os principais palcos das suas actuações.

Em 1989 faleceu na Austrália numa das suas visitas periódicas.

Reconhecimento

Agraciado com o grau de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique pela expansão da cultura Portuguesa pelo mundo além.

Medalha de mérito da Associação central da agricultura Portuguesa pela disseminação do conhecimento e abertura de mercados para o cavalo Lusitano, sócio honorário da Federação Equestre Portuguesa e sócio honorário do clube El Rey Dom Duarte I.

Deixou vários trabalhos escritos em Português, Francês e Inglês expondo o seu método equestre e reflexões não somente sobre equitação como sobre questões de moral, arte e religião.

Hábitos e Paixões

De génio instável dado a arrebatamentos e a depressões, depressa passando do entusiasmo e da afabilidade à melancolia e à agressividade, fez imensas amizades profundas e criou não poucas antipatias.

Teve alguns amigos que o auxiliaram na sua carreira sendo de destacar Auguste Baumeister de nacionalidade Suíça, Michel Henriquet, Francês entre outros.

Era intolerante com os medíocres e feroz para com os convencidos, desregrado na alimentação e criou uma figura própria que o caracterizava.

Cabelo negro rebelde domado a poder de brilhantina, as negras e espessas sobrancelhas sombreavam uns olhos negros que mostravam generosamente o branco quando os esbugalhava, elevando as sobrancelhas ou sobrancelha, gesto muito característico, onde os seus amigos aprenderam a ler os sentimentos que reflectiam.

O pescoço era longo e dele pendia a cabeça para olhar as orelhas da sua montada.

De corpo delgado na mocidade, vestia vestes negras ou muito escuras, com casaco e gravata, calça justa, por vezes usava botas de montar, outras vezes espora de mola para salto de prateleira, também usava polaina afivelada.

Porque era entusiasta seguidor de Fillis, porque era esguio como um fio de azeite porque vivia em Azeitão alcunharam-no de o Fillis de Azeitão.

Com a idade criou algum cachaço era uma figura de perfil compacto, o cabelo rareou com grandes entradas, a cabeça pendeu cada vez mais graças ao aumentar do arqueado das costas e à posição mais recostada a que o abdómen mais volumoso conduziu.

Tornou-se mais internacional no vestir mas ficou sempre fiel às esporas de mola e as calças justas mas sempre caídas da cintura em harmónica pelas pernas abaixo.

Também escreveu três livros sobre pensamentos seus, que foram, Elucubrações, Amalgama, Anseios e Recordações.


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